quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Meu Castelo


As pedras das paredes do meu castelo
apanhei-as no caminho
entre as trevas e as sombras
junto a um penhasco ou
à beira de um abismo

O meu castelo,
onde repouso as agruras de guerreira,
onde me escondo,
onde estou protegida,
minha fortaleza de pedra.
As muralhas que derrubaste
desejo hoje erguê-las mais altas,
cada dia mais altas…
que me cerquem,
que me protejam.

São hoje quase
intransponíveis,
as paredes que ergo,
este meu castelo,
feito de medo.

À noite...















...olho as estrelas...
Hoje a noite parece ter-me abraçado.
Prende-me na sua teia de nostalgia,
sem dó nem piedade,
trazendo-me à memória
lembranças de outras noites,
tão deferentes desta.
A música de fundo
traz-me teu nome
na magia desta primavera outonal.

Sinto os teus braços ao meu redor,
o teu beijo terno
e quase acredito que ainda estou contigo…
À noite perco-me de mim e vou na tua direcção,
sem nunca te encontrar,
e depois regresso envolta em lágrimas
que não merecia chorar.

O tempo parece querer-me libertar
de um sonho em que deixei de acreditar.
Talvez para poder voltar a sonhar,
ter outros sonhos,
novos caminhos,
diferentes encruzilhadas,
novas escolhas,
novos rumos,
uma nova estrada.

Mas a noite, sempre traiçoeira,
não me deixa esquecer
que a cama, em que hoje durmo,
já foi nossa.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"O Poste Amarelo"

O poste amarelo,
local de começo,
de recomeço,
de Fim!

Símbolo
da minha resistência,
da minha derrota,
da tua desistência
do nosso Fim!

O poste amarelo
Que o viu florescer
Que o viu crescer
Que o viu morrer…

Símbolo inequívoco
de um tempo
que se esfumou
O vinho que se bebeu
hoje de travo amargo
azedou….

Foi local de precipício
do meu ser
Símbolo de nós
Que hoje tento esquecer.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Altar Particular - Maria Gadú

Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular

Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal

E então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós

Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós

Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser

Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer

Teu cais deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor

Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao
que chamo de amor

E Agora? (o que senti entre dor e prato hoje sinto-me como a letra da canção)


Não me beijes
Não digas que me amas
Não repitas as mentiras que eu não quero ouvir
Já não acredito, deixei de acreditar
E agora?

Desabei…
Caí do mais alto penhasco
Desiludi-me
Sinto-me enganada, usada
maltratada, injustiçada
amarga ….
E agora?

Não confio em ti
Não acredito em ti
És um fraco!
Um indeciso…
Um miúdo
Uma criança
Um errante
Tenho pena e raiva
Uma raiva maior que a esperança
E agora?

Não sei viver sem segurança
A caminhar no arame
Não sou trapezista
Não me movo bem
sobre areias movediças
O sonho morre lentamente
Mataste-o!
E agora?

Busco um novo alento
Que em ti não encontro
Foste uma desilusão
Um engano
Fingiste ser quem não és
És inseguro, imaturo
Irritante
Hoje consola-me a raiva e o pranto.
E agora?

És cobarde!
Apenas hesitas por medo
Não sentes nada,
então avança!
Faz o que queres:
Desiste!
Não esperes que seja eu a desistir…
Faz-te Homem!
Não me beijes
Não me mintas…
Hoje vejo-te como um fraco
E agora?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Morres lentamente enquanto vives...

Morres lentamente
enquanto vives…
Reflexo incerto de mim
Silhueta imperfeita de nós
Esconde no sorriso
um rio de lágrimas
Disfarça a mágoa,
a tristeza,
a dor.

Desistes de ti
como quem larga a vida
e abandona o palco, antes do fim.
Queres sair antes da hora!
Liberta-te dos teus medos
pára de procurar apenas o reflexo
de um passado que já não és tu.
A vida é mais que este momento
A vida vai muito para lá de agora.

Morres lentamente
enquanto ainda vives…
Faz luto de quem foste
e aproveita os últimos instantes.
Faz o que nunca fizeste,
Vive o que sempre desejaste.
Liberta-te das ânsias e dos medos
Rasga uma página e outra
Reescreve, ainda é tempo
Nunca é tarde
embora não seja cedo.

Sonha, progride
Não é tempo de despedidas
Se faltar uma hora para o final
que seja a melhor de todas as horas.

Minha Súplica....














Queria não ter memória,
nem recordações boas ou más…
Ser como um peixinho dourado
que se esquece de tudo a cada 3 segundos
Hoje não queria ter lembrança de ter sido feliz ou infeliz,
Queria não ter saudade nem passado…
Queria esquecer pela dor de ter perdido,
pela dor da própria dor,
por tudo e nada.

Hoje queria nem sequer ter vivido coisa nenhuma
Ser apenas um resto de nada
Estar de alma lavada
Sem recordações,
Sem cicatrizes
Queria o coração vazio
Hoje queria, como Tu,
poder não sentir nada.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Como se tivesse 100 anos...














Hoje não tenho nada de bom para dar
apenas a raiva e o pranto
Hoje tenho o vazio
Olho-me ao espelho
e sinto como se tivesse cem anos
Mas não tenho nem 100 nem 25…

Arrasto-me até ao abismo
onde não quero cair
e só tenho a raiva e o pranto
Sinto o peso de cem anos,
vejo no meu rosto
marcas que não estão lá,
sinto as dores de feridas
que cicatrizaram
Hoje sinto todas as dores passadas
e tenho temores que não acabam.

Hoje tenho os anos que sinto
Hoje sou quem não sou
Hoje tenho apenas a raiva e o pranto
e nada de bom para dar...
Hoje tenho apenas o vazio como meu.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Porque Sonho


Sonho porque é mais fácil sonhar que desistir
Não sei desistir nem quero aprender
e às vezes isso assusta-me
Acredito porque sonho
se não, talvez, já tivesse desistido de esperar
mas é mais fácil esperar que desistir.
Afeiçoei-me a um sonho
que acredito que se possa concretizar
Não o vejo como uma utopia
Não pode ser uma quimera,
não quero acreditar
não sou capaz
Por isso acredito na espera
Que um dia o sonho chega
Se desistir de sonhar morro
É mais fácil sonhar do que perder.
E para quem vive a sonhar
é muito mais fácil viver.
O amor é isto mesmo,
ou se vive sem limites,
ou então não vale a pena.