segunda-feira, 30 de março de 2009

Nosso deserto


Esse deserto de coisa nenhuma,
que nos separa.
Essa imensidão inconsequente,
que nos cega.
Se um sorriso pudesse tudo
quando nada se lhe compara

A mudança que não chega
Essa saudade de beira de estrada
Esse caminho de solidão
Essa eterna caminhada

Esse deserto que atravesso
Onde me encontro há tempo demais,
onde me perco vezes sem conta,
que é tão cheio de coisas banais

Esse tempo que nunca acaba
Essa dor que não cessa
Que me tortura e anula
Esse deserto tão nosso
Onde nenhum de nós se encontra
Onde ninguém está

domingo, 22 de março de 2009

Não saberia eu...


Apetecia-me vaguear pela noite.
Mergulhar na sua negritude
e perder-me nos olhos dos outros,
de desconhecidos que não soubessem de mim
o que tu sabes.

Há dias que acordar parece a mais árdua tarefa,
outros em que adormecer é um tormento.
Hoje o sono não chega,
rodopiam na minha cabeça em turbilhão
memórias de ti,
como demónios que me atormentam.

Não sabia que o silêncio podia ser
tão enormemente devastador.
O teu silêncio é como um grito que ecoa no meu peito,
dilacera a minha alma numa dor inimaginável.
Já as tuas palavras há muito me encantaram,
como um feitiço lançado pelos Deuses.
Hoje é a mudez que abrevia a esperança
e me mata lentamente de saudade.

Não saberia eu já
que me enlouquece não saber de ti.
Não saberia eu já
que os teus silêncios se prolongam
por tempos infinitos…
Que me roubas o sono e a paz
com a tua existência
Que me roubas a vida
com a distância.
Onde foi que me iludi?
Que luz é esta,
que ofusca o pensamento e a razão?
Que insano amor o meu!
Não saberia eu já,
sobreviver à madrugada,
quando o tempo urge, escasseia e finda?

sábado, 21 de março de 2009

Vício


Não fosse já insanidade
Seria certamente silêncio
Não fosse já desejo
Seria com certeza paixão

Impura e velada emancipação dos sentidos
Concretização da demência,
autenticação da vontade.
Não sei se, o que arde em mim,
é vício ou apenas saudade.

Vaidade fútil do momento
Grandeza escondida
nesta minha pequenez.
Desejo o teu beijo, o teu corpo
Uma e outra, e outra vez.

Se é vício que o hábito me leve
Se é saudade que a dor me consuma

domingo, 15 de março de 2009


Quero a magia extrovertida
de um momento que passa
A futilidade nua de uma hora
a frivolidade de nada sentir
para além da carne

Não quero conhecer,
ou ser conhecida
Quero viver, desfrutar
de um magico instante,
e poder partir, sem nenhuma ferida

Não quero laços!
Por hoje basta-me,
um nome falso,
a história de uma falsa vida.
Basta-me um olhar vazio
Um desejo insano, irracional.

Quero desejar,
Não quero amar
Quero paixão
Entregar apenas o corpo
e guardar quem sou
Usar, ser usada.
Como não sei onde vou,
Por agora não interessa mais nada.


quarta-feira, 11 de março de 2009

Insanidade II


Adoro,
galopar no teu colo,
no doce desespero de te possuir.
As tuas mãos na minha cintura,
acompanhando os movimentos
desta louca dança.

Os teus lábios sôfregos,
procurando os meus,
percorrendo numa delícia delirante
o meu corpo de norte a sul.

Adoro que me afagues os seios
Que me mordisques e acarinhes
Que te afogues em delírio no meu peito

Adoro quando me abraças
sedento da minha pele,
dos meus lábios,
do meu corpo,
de mim…

Adoro quando chegas
e fazes o meu corpo
despir-se de medo e preconceito
Enlaças-me,
numa sensação inesquecível,
numa união perfeita,
entre o concavo e o convexo.
Entre nós não há amor,
apenas sexo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Insanidade


Aquele fogo ardente de paixão inflamada
Aquele desejo que não morre nunca,
que não se extingue, não se apaga.
As tuas mãos nos meus ombros nus

Bastava um breve suspiro no meu ouvido
Passares por mim e dizer-me com o olhar:
- Desejo-te!
Mergulhava de vontade e ganas no teu corpo,
ao primeiro instante a sós.

Hipnótica loucura, fervente ardor
que me arranhava de desejo até à alma.
Era o teu cheiro que me aguçava o instinto
de fêmea, sedenta de ti.
Nunca tanta paixão ardeu de insanidade
Nunca tanto desejei, tanta loucura

Os teus lábios eram meu passaporte
para uma viagem,
que nem sempre terminava na cama
quando qualquer lugar nos servia

Era violento, animal.
Possuías-me como um louco
e eu deixava, numa submissão desejada.
Andávamos perdidos de tanta paixão,
embevecidos com tanto prazer
mergulhados num delírio de devaneios.
Éramos dois loucos cegos de desejo

O teu corpo sempre a reclamar o meu
A tua boca sedenta da minha
O meu peito desejoso de sentir o teu
E eu faminta de ti,
desse teu cheiro,
dessas tuas mãos...


domingo, 8 de março de 2009

...


Se vieste para me dizer adeus
Eu não quero dizer, não sou capaz
Não te quero deixar partir,
parte de mim acredita que ainda voltas,
ainda não chegou a derradeira hora.

Parte de mim não aceita a tua morte
O quanto me custa admitir,
que é essa a razão da tua partida
tão prematura e repentina.

Odeio este fim anunciado,
sem hora ou dia marcado.
Odeio que me queiram roubar a esperança
Não aceito que a morte esteja pronta para te levar
Quando nenhum de nós está pronto para se separar.

Odeio esta espera contínua
Este ir e vir com a maré
Este silêncio longo e doloroso
Dá-me raiva e abala a minha fé.

Se viestes para me dizer Adeus
Eu nunca estarei pronta para a despedida
Não acredito que já chegou a hora de partires
Nunca te irei dizer adeus, por ter a tonta crença,
que não vai partir sem antes te despedires,
de mim!

AQUI


Quem me dera ter-te aqui
Neste deserto que podia ser nosso
Neste paraíso que podíamos ter construído
Quem me dera nunca tivesses partido…
Quem me dera ter guardado as palavras erradas
Quem dera, soubesse o que dizer neste momento.

Aqui, queria tanto ter-te aqui!
Nos meus braços que se abrem para ti,
até mesmo quando não estás.
Queria tanto prender-te,
fazer-te prisioneiro por vontade.

Não posso mais esconder o que sinto
Não arrisques aparecer-me ao caminho
Não serei capaz de te resistir.
Não te darei apenas um abraço,
vou acabar por te beijar…
Só temo que seja tarde demais.

Queria tanto ter-te aqui
Nesta cama vazia, neste corpo que te anseia
Podia ser por umas horas,
ou quem sabe a vida inteira,
a que nos resta.

Aqui, queria tanto ter-te aqui,
para preencheres o meu silêncio,
para me mentires até, se quiseres.
Não sei onde estás e dói tanto não saber de ti.

Queria tanto ter-te aqui
Neste pedaço de chão onde me enterro
Neste espaço vazio que me sufoca
Neste lugar que nada é, sem ti.

Aqui, queria tanto ter-te aqui
Nesta cama que já foi nossa
Neste corpo que sempre foi teu

Mas por agora queria tanto matar
este teu silêncio com uma palavra tua.
Porque agora bastava-me saber de ti,
Onde estás?
Não digas que já é tarde, que te perdi…


Onde estás?


Onde estás?
Onde te escondes…
Para onde vais?
Quero ir contigo!
Não fujas que só te quero bem
Vacilo entre o querer e a vontade
Entre o ser e o estar
Entre o que existe e a miragem
Ofusco a minha dor com um sorriso
Imito o andar vagaroso dos mortais
Não sei quem sou quando não estás
Não quero ser quem sou contigo

Onde estás?
Imagem ténue de uma falsa alegria
Mentira com que tentas me enganar
Hesito entre o sonho e a realidade
Entre o ir e o ficar.
Não sei quem sou sem ti
Não sei amar se não a ti
Onde estou eu que não me encontro,
a não ser a procurar por ti?

Estava Escrito


Estava escrito que nada era tudo
Que a vida passa por nós
Que tentar agarrá-la é loucura
Que tomba, que fere, que mata
Que viver pode ser, apenas tortura.

Estava escrito que nos cruzávamos
Que nenhum de nós ficava
Que um não seguia o outro
Que nada nos separava

Estava escrito que eu seria tua
Que um minuto é uma eternidade
Que a eternidade pode ser uma hora
Que a vida pode ser apenas saudade.

Estava escrito que o meu amor é eterno
Que te amo mais que tudo na vida
Que sem ti já nada floresce…
Não há nada que te sobreviva,
estava escrito nas entrelinhas,
só eu não soube ler
Que depois deste inferno
Eu ia ter que continuar a viver.

Vieste...


Vieste, para me dizer adeus.
Não soubeste como,
não foste capaz.
Vieste e perdeste a coragem
Mergulhaste no meu sorriso
e quase te afogaste
na minha alegria de viver.

Viestes com um sorriso nos lábios
e o coração repleto de dor e mágoa
Viste numa falsa alegria
para me dizeres Adeus…
Vieste mas mais uma vez
tu não ficaste.
Eu mergulhei nesta ansiedade
Nesta tristeza de não saber quando
Nesta angustia de não saber de ti.

Vieste e trouxeste contigo o silêncio
A falta de noticias, e palavras
Vieste mas não voltaste.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Enfeitiçada


Sou tão feliz por saber que existes,
por saber que as nossas vidas,
por um acaso qualquer,
se cruzaram.
E que por feitiço,
ficaram para sempre enleadas.

Por sortilégio dos deuses,
ainda hoje sei de cor
o sabor doce do teu beijo,
o toque único da tua pele,
o seu cheiro inconfundível.

Ainda hoje por magia,
te sinto perto
quando estás longe.
Não há distância,
nem oceano,
que nos separe.
Não há morte
que te leve.
Nem esquecimento
que te apague.

Sabes, ainda te amo…,
por hoje e para sempre,
fiz de ti minha morada.
E se foi feitiço
Eu estou para sempre enfeitiçada.