sábado, 12 de maio de 2007

Quem sou Eu?



Era a impossibilidade de um impossível que adoro.
Uma história com um final ainda por escrever.
Um livro cheio de páginas em branco
Uma história que ninguém leria, que ninguém quer ler
Uma lágrima que desliza pela face de alguém que ama
Uma lágrima que nunca se esquece
Uma dor que ninguém suporta
Uma mágoa que nos emudece

Neste silêncio que ninguém cala
Nas palavras que não se ousam dizer
As memórias que ninguém esquece, nem quer esquecer
O perdão que não chega quando nada há a perdoar
O amor que não morre porque não se deixa matar
O amor de quem ama porque não se deixa de amar

A piedade, a misericórdia a clemência
A vida de mera existência
Sobreviver à dor depois do amor
Sobreviver ao amor depois da mágoa
Resistir, lutar, viver, amar

Nesta história de silêncio
Neste sobreviver atulhado
Como dizer o silêncio da cor?
Como descrever o pecado?

Nesta minha existência forçada
Como ler o que não se escreve?
Como calar a palavra?

Como derrotar os medos
Os fantasmas de um outro passado
De uma gente ausente que não se esqueceu
De uma dor presente que o passado nos ofereceu

Como dizer o que se cala?
Como? Se quem me magoa sou eu.
O que evitar? Do que fugir?
Quando nada do que tenho é meu.

(Algures em 2000)

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