segunda-feira, 14 de maio de 2007



Desejei enaltecer um momento que partilhamos… um dia quem sabe, uma única vez. Desejei o teu corpo num olhar, os teus lábios, até mesmo antes de pronunciares a primeira palavra. Aproximamo-nos no silêncio, a irresistível magia que nos atraiu, juntou de forma enigmática e irresistível, os meus lábios aos teus. Beijamo-nos, num segundo as nossas mãos percorreram os nossos corpos que quase se confundiram. Apertaste-me contra ti no teu abraço, pude sentir o bater apreçado do teu coração, que parecia acertar o passo pelo meu também ele descontrolado. Afagaste-me os cabelos, olhaste-me nos olhos e sem dizeres palavra senti todo o teu desejo. Naquele instante tive a súbita certeza de que não poderíamos ficar apenas por um beijo, quando o desejo nos despertava todos os sentidos e os nossos corpos pareciam não querer jamais separar-se.

Apetecia-me tanto redescobrir o teu corpo, poder tactear a tua pele, sentir-te na ponta dos dedos… Apetecia-me tanto sentir o teu peito no meu, as tuas mãos nos meus ombros nus. Sem nada te pedir, leste-me o pensamento e mergulhamos na mais louca das paixões. O teu beijo ia do carinhoso ao apaixonado, o teu olhar era de desejo, o teu toque era suave outras vezes quase violento.

Incendiaste o meu corpo com as tuas mãos. Afagavas-me os seios, beijando-os com uma ânsia quase infantil, mas tão desperta e adulta ao mesmo tempo. Pousaste o teu corpo no meu com toda a suavidade, roçaste ao de leve, no meu, o teu peito, beijaste-me docemente na boca. Deslizaste a tua língua húmida pelo meu pescoço até aos meus peitos que se insuflavam de desejo.

Abraçaste-me pela cintura com uma firmeza quase imperceptível, segredaste-me ao ouvido o mais íntimo desejo, o mais secreto delírio de paixão. Apeteceu-me ser escrava da tua vontade, das tuas fantasias, mergulhar no teu corpo até perder o pé, até me faltarem os sentidos. Galopar no teu colo "soltando urros, gritos de euforia", sentir a respiração sufocante do desejo e desaguar no teu corpo como um rio. Abalar a terra com a nossa paixão, perder o rumo por um instante e fazer do teu corpo a minha morada naquele momento.

Senti-te a invadires-me o corpo, explodi numa emoção louca de mil cores, celeste e prata. Desejei eternizar aquele momento, senti-me flutuar no vazio numa imensidão de delírios inebriantes. Embriagada de ti, numa dança mágica em que os nossos corpos se entrelaçam numa tentativa de fusão impossível, mas que naquele momento parecia tão real. Dissemos as coisas mais loucas, e mais sérias, as mais banais e as mais eloquentes. No êxtase do momento senti o âmago de te ter.

Tomaste-me por caminhada, o meu corpo era teu trilho e os meus braços suas bermas… Foi a união perfeita o momento de secretismo sagrado, tão nosso, tão incendiário e carinhoso. O consumar da paixão, o saciar de todo o desejo. Sentir-te em mim, num ondular mágico e subliminar, numa escalada de desejo que culmina quando juntos atingimos o êxtase. Sinto-me sair de mim, flutuar para além do próprio espaço, numa dimensão só nossa. Abraças-me, como se me tentasses prender à própria vida, como se desse abraço dependesse a nossa existência. Mesmo antes de podermos recuperar o folgo beijas-me. E mais uma vez aquela velha certeza de que nunca nada seria como antes, o meu corpo estava ali mas o meu coração andará sempre distante.
Janeiro2005

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