quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Balada


Fosse a morte….
não iria eu mais viver
Fosse ele o dia…
escurecer não mais queria

Fosse a noite…
não haveria amanhecer

Fosse então mar
e eu ar p’ra sobrepor,
esvoaçante

Fosse ausência de cantar
e o meu torpor
fosse um uivo lancinante

Fosse tanto um quase nada
que é tão tudo
ou fosse um fim.

Começava a acabar
sem mais de mim.
Calaria a vida inteira
e quase mudo
catá-lo-ia em Balada

1 comentário:

alma voante disse...

Porque gosto muito

bom fim de semana, em jeito de comentario uma bkoka

Sophia de Mello Breyner Andresen

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.