Cabes na ambiguidade das minhas palavras,
na dualidade dos meus sentimentos,
na indecisão precisa das minhas acções.
Encaixas nos meus dias,
perfazes os minutos insignificantes da minha existência,
és tu aqui e agora,
um já que nunca ocorre,
um agora que se esquece de acontecer.
Cabes na imensidão das pequenas coisas,
encaixas, no meu peito vazio, sem que o preenchas.
Esqueces-te de mim, quando nunca te lembras
que cada novo dia é o renascer esplendoroso
de uma nova esperança.
Cabes onde há verdades que sempre o foram e mentiras que nunca o serão.
Menti quando disse que nunca te iria deixar...?
Não menos do que tu quando prometeste nunca me magoar…
não cabes em mim que a tua vida é por demais pequena
para eu poder caber lá, nesse espaço de ausência
de um sentimento maior que tu.
Cabes em “quase perfeição”
na sombra que se ergue do nada.
És a escolha que não tenho,
o sabor ineficaz de um dia comum,
és a minha trivialidade mais que perfeita,
um verbo que não se conjuga nem no passado,
nem no futuro,
nem em tempo nenhum.